VICENTE* é visto com freqüência pelas ruas de São Paulo, Brasil, puxando um carrinho bem carregado. Ele é catador de papelão, sucata e plástico. Quando anoitece, ele se deita e dorme debaixo do carrinho sobre um pedaço de papelão. Ele não parece se incomodar com o barulho de carros e ônibus na rua movimentada onde passa a noite. Ele, um dia, já teve emprego, lar e família — mas perdeu tudo. Hoje, trabalha nas ruas e vive na miséria.
Infelizmente, assim como Vicente, milhões de pessoas ao redor do mundo vivem em absoluta pobreza. Nos países em desenvolvimento, muitos são obrigados a morar nas ruas ou favelas. Os mendigos — aleijados, cegos, mães amamentando — são uma vista comum. Nos cruzamentos, crianças correm entre os carros parados, tentando vender doces a fim de conseguir algumas moedas.
É difícil justificar tanta miséria. A revista britânica The Economist comentou: “A espécie humana nunca foi tão próspera nem esteve tão bem equipada de conhecimentos médicos, capacidade tecnológica e reservas intelectuais para combater a pobreza.” Não se pode negar que muitos estão tirando proveito desses conhecimentos. As ruas das grandes cidades de diversos países em desenvolvimento estão lotadas de reluzentes carros novos. Os shopping centers estão cheios dos últimos aparelhos e equipamentos e não falta quem os compre. Em São Paulo, nove shopping centers fizeram uma promoção especial de vendas. Ficaram abertos direto, do dia 23 para o dia 24 de dezembro de 2005. Para atrair os clientes, contrataram escolas de samba e outros artistas. A estratégia atraiu quase 2 milhões de consumidores!
Entretanto, grande parte da população não se beneficia das riquezas que alguns possuem. O nítido contraste entre ricos e pobres fez com que muitas pessoas chegassem à conclusão de que existe uma necessidade urgente de combater a pobreza. A revista brasileira Veja declarou: “Neste ano [2005], o combate à pobreza deverá ser o assunto dominante na agenda global.” A revista também falou sobre a proposta de criar um novo Plano Marshall com o objetivo de ajudar os países mais pobres, em especial na África.# No entanto, ao passo que tais propostas dão uma aparência de progresso, a mesma revista acrescentou: “Há também fartura de razões para duvidar dos resultados. Se a maioria dos países reluta em contribuir, é porque os recursos raramente chegam ao destino.” É lamentável que, por causa de corrupção e burocracia, uma grande parte dos fundos fornecidos por governos, agências internacionais e pessoas nunca chegam àqueles que realmente necessitam.
Jesus sabia que a pobreza seria um problema constante. Ele disse: “Vós sempre tendes convosco os pobres.” (Mateus 26:11) Significa isso que a pobreza sempre fará parte do cenário mundial? Não existe nada que se possa fazer para melhorar a situação? O que os cristãos podem fazer para ajudar os pobres?
# O Plano Marshall era um programa patrocinado pelos EUA que visava ajudar na recuperação econômica da Europa depois da Segunda Guerra Mundial.
Publicado em A Sentinela de 1.º de maio de 2006 |